Estávamos nós dentro do Ó, já no final do tempo de intervalo a meio da manhã, à espera que os guardas nos abrissem as portas das salas, quando dois dos reclusos se pegaram à murraça, forte e feio. Eu levei uns segundos a perceber o que estava a acontecer (lerda!) findos os quais me arredei para trás o mais que pude, não fosse sobrar para mim algum soco perdido.
Depois, perguntei-me: mas onde estão os guardas? Olhei para trás, e lá estava um, muito "sogadito", a olhar impávido e sereno. Os outros reclusos mantiveram-se nos seus lugares, a maior parte sentados nos bancos do recreio, como se nada fosse, à excepção de um ou dois que foram separar os que lutavam.
Depois do intervalo, conversando com os guardas, ficámos a saber que eles, por norma, não se metem numa briga entre reclusos e que, se acontecer algo do género dentro da sala de aula, o que tenho a fazer é sair imediatamente.
Sim, senhor... fiquei mais descansada por saber que está sempre um guarda por perto...
Mas bem vistas as coisas, os guardas não poderiam agir de outra forma. Se se intrometessem na briga, o mais provável é que todos os outros reclusos se metessem ao barulho, na esperança de poder agredir o guarda, sob pretexto de acidente infeliz.
Enfim, estamos sempre a aprender.
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